Editoras por demanda: O válido caminho da autopublicação

Por Albert Paul Dahoul
Comércio da Franca - SP (02/07/2007)
Jamais se incentivou tanto a leitura como atualmente e também nunca se escreveu tanto.
Uma grande quantidade de pessoas tomou o gosto de colocar suas idéias no papel ou digitá-las no computador. Não são apenas escritores de fim-de-semana, que escrevem contos, poesias e romances, mas também profissionais que se especializaram em sua área específica de atuação.
Com isto, nas últimas décadas houve um incremento extraordinário de obras literárias que, infelizmente, não chegaram ao público por uma simples razão: a falta de espaço para novas obras nas editoras.As casas editoriais, tanto no Brasil como no resto do mundo, se viu avassalada por uma quantidade gigantesca de originais enviados por escritores dos mais diferentes gêneros.
Mesmo tendo aumentado enormemente sua linha editorial e mesmo com o surgimento de milhares de editoras, elas foram insuficientes para absorver a quantidade de obras produzidas pelos escritores. O caminho do novo escritor é por si só árduo, pois, além da escolha rigorosa que as editoras fazem na seleção de seus títulos, há uma série de obstáculos a serem enfrentados. As chamadas editoras tradicionais escolhem suas obras apoiando-se em diversos parâmetros, entre eles se a obra tem potencial de vendas, se o autor é conhecido, se o escritor já fez sucesso e outros itens nem sempre muito claros. Entre estes, conta muito a indicação seja de um agente literário que já fez uma pré-seleção ou de alguém abalizado que indica ao editor-chefe ou quem faz esta função. Assim como todas as atividades humanas, uma indicação sempre abre as portas e pode ser de suma valia para quem deseja alcançar o sucesso.
A partir de 2000, com a chegada de novas tecnologias na área da impressão digital, uma nova instituição se estabeleceu no mercado editorial-gráfico; a editora sob demanda. Sem exigir grandes tiragens, investimentos pesados em milhares de exemplares, as editoras sob demanda passaram a publicar os livros que antes não tinham nenhuma chance de publicação. Com isto, excelentes trabalhos de autores que não tinham como serem publicados saíram do fundo das gavetas ou de arquivos de computador, e foram oferecidos ao público. Claro está que no meio disto veio muito joio, o que, de certa forma, comprometeu a imagem da editora sob demanda, contudo trabalhos de excepcional qualidade também foram publicados.
Nos Estados Unidos, onde nasceram as primeiras editoras sob demanda, muitos autores que escolheram esta alternativa inicial acabaram, após certo tempo, por abrir o caminho da publicação por intermédio de editoras tradicionais. Mesmo que, no início, as editoras sob demanda publicavam qualquer coisa, mais recentemente, passaram a escrutinizar melhor as obras a fim de publicar um trabalho mais consistente e sério. Esta seleção mais rigorosa trouxe mais respeitabilidade ao setor e possibilitou que os autores que se auto-publicaram por meio de editoras sob demanda não fossem vistos apenas como escritores movidos pela vaidade, mas pessoas que tinham algo a transmitir, seja em forma de um livro técnico, de não-ficção, seja no gênero do romance, da poesia e dos contos.Aqui, no Brasil, diversas editoras sob demanda se implantaram com o intuito de atender à crescente procura dos escritores em se tornarem autores publicados. Se o caminho das editoras tradicionais é pavimentado com pedras pontiagudas, a via que leva à autopublicação é bem mais suave, possibilitando que, em pouco tempo, o escritor veja sua obra publicada de forma profissional.
Todavia, a autopublicação não deve ser o objetivo último do autor e, sim, um trampolim para vôos maiores. Não há dúvida de que a auto-publicação por intermédio de uma editora sob demanda faz com que autores com excelentes trabalhos possam começar a divulgá-los e, por meio disto, abrir portas antes fechadas.
Muitos torcem o nariz para o autor que se autopublicou, mas há uma longa lista de autores famosos que começaram a carreira se autopublicando.:
Margaret Atwood, William Blake, Ken Blanchard, Lord Byron, Alexander Dumas, T.S. Eliot, Benjamin Franklin, Ernest Hemingway, Stephen King, Rudyard Kipling, D.H. Lawrence, Edgar Allen Poe, Alexander Pope, Herman Melville, Ezra Pound, George Bernard Shaw, Upton Sinclair, Gertrude Stein, Henry David Thoreau, Deepak Chopra, Leo Tolstoi, Mark Twain, Walt Whitman, Virginia Woolf e... Marcel Proust!
Albert Paul Dahoul Autor de 14 livros no Brasil e nos EUA e editor da Corifeu- www.corifeu.com.br
Fonte: Comércio da Franca - SP e Traça Virtual